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Ásia

Após fracasso de última trégua, situação humanitária no Iêmen é catastrófica

26 jul 2015 - 10h11
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A situação humanitária no Iêmen é trágica, segundo as organizações internacionais, que denunciaram que nenhuma das partes em conflito respeitou a trégua de uma semana determinada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para tentar aliviar o sofrimento da população civil.

Essa trégua humanitária terminou, mas nem as forças leais ao presidente Abdo Rabbo Mansour Hadi, nem o movimento rebelde xiita dos houthis respeitaram, ao mesmo tempo em que prosseguiram os bombardeios da coalizão árabe liderada por Riad.

"Não houve trégua humanitária, os feridos continuam chegando aos hospitais e os combates em terra, assim como os bombardeios, não acabaram", disse à Agência Efe Colette Gadenne, coordenadora-geral da Organização Médicos sem Fronteiras (MSF) no Iêmen.

Nesses dias, a ONG conseguiu ter acesso a locais de conflito, como a cidade de Aden, no sul, e a província de Saada, no norte, graças a negociações com os houthis e com a Arábia Saudita, cuja aviação bombardeia os rebeldes desde março.

"A situação é verdadeiramente catastrófica e precária. Não tem mais como piorar", lamentou Colette, destacando que faltam remédios, combustível e equipamentos médicos para os hospitais de campanha, superlotados pela grande quantidade de feridos.

Para a coordenadora, a pausa na violência é sempre bem-vinda, mas é insuficiente, já que, atualmente, 80% da população precisa de assistência humanitária e mais de 1,2 milhão abandonou suas casas, segundo dados da ONU.

Apesar de tudo, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) informou que conseguiu prestar ajuda a 20 mil deslocados nas cidades de Sana, Aden e Taiz, as mais atingidas pela violência, durante os sete dias da trégua fracassada. A organização também conseguiu enviar provisões e equipamentos médicos a alguns hospitais destas localidades, conforme contou à Efe o porta-voz do CICV no Iêmen, Adnan Hizam.

"Apesar de nenhuma das duas partes respeitar a trégua, nós continuamos oferecendo ajuda humanitária aos deslocados", ressaltou Hizam.

O secretário-geral da ONU para assuntos humanitários e coordenador da ajuda de emergência, Steve O'Brien, expressou em comunicado sua decepção e disse estar preocupado com situação no país.

"Milhões de mulheres, crianças e homens enfrentam uma aterrorizante violência, fome extrema e pouca assistência médica, enquanto os combates e bombardeios de todos os lados não mostram sinais de diminuir", denunciou O'Brien.

A trégua humanitária foi anunciada pela ONU, mas, poucas horas depois de entrar em vigor na noite de 11 de julho, os bombardeios e combates voltaram a acontecer e em alguns lugares até se intensificaram.

Segundo a ONU, esse período foi um dos mais sangrentos desde o início do conflito, no qual mais de 3.500 pessoas morreram e 16 mil ficaram feridas. Nesse tempo, as forças governamentais realizaram grandes avanços na cidade de Aden e o governo de Hadi, exilado na Arábia Saudita, disse ter recuperado o controle da região.

O vice-presidente do Iêmen, Khaled Bahah, disse ao canal "Al Arabiya" que as vitórias do exército e aliados em Aden levarão à "suspensão do bloqueio (marítimo e aéreo) e facilitarão a chegada das ajudas e o retorno da população".

O governo iemenita anunciou ainda a intenção de transformar Aden em um centro de recepção e distribuição de ajuda humanitária, uma vez que tenha restabelecido a autoridade nesta cidade, da qual suas forças foram expulsas há quatro meses.

Perante o fracasso da trégua e a continuação dos combates, as organizações humanitárias pediram a todas as partes que garantam a proteção dos civis e permitam a entrega de ajuda de forma rápida e segura em todos os cantos do país.

Justamente ontem a coalizão anunciou uma trégua humanitária unilateral de cinco dias a partir das 23h59 (horário local, 17h59 de Brasília) deste domingo, que responde a um pedido do presidente iemenita, refugiado em Riad.

Hadi solicitou ao rei saudita Salman bin Abdulaziz um novo cessar-fogo para facilitar a distribuição de ajuda humanitária e remédios.

EFE   
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